Por Camila Vila Verde – Especialista em Organização e Gestão Eletrônica de Documentos e Informações empresariais para ENGENHARIA e INDÚSTRIA. Sócia Consultora da Doc Expert.
Recentemente participei de uma atividade de “Design Co criado” em um evento sobre Inovação de nosso cliente Klabin. Nesta atividade, o facilitador fez uma fala introdutória e uma de suas frases ficou gravada em minha cabeça (e em meu coração =)):
“O conhecimento gerado até aqui é suficiente para resolver todos os problemas da humanidade, o que precisamos agora é COMBINAR estes conhecimentos”
Ou seja, tem TUDO A VER com os PROCESSOS DE INOVAÇÃO e da diversidade que é tão importante para pensar sobre a solução de problemas e oportunidades de melhoria nas empresas (e no mundo, e na minha casa e na sua…)
Não é de hoje que eu tenho observado que o mercado está sedento pelo conhecimento da Ciência da Informação para poder INOVAR. Para nós, que somos profissionais da área, pode parecer o básico e o óbvio, mas nossa visão estruturada para enxergar os insumos de informação, mapeá-los, organizá-los, ordená-los, agrupá-los, padronizá-los, identificá-los (etc…) se faz mais necessária do que NUNCA. É só pensar na robotização e na inteligência artificial, temas em voga. Empresas estão em busca destes recursos e eles estão sendo desenvolvidos a todo o vapor! Mas, para implantá-los, é preciso “adestrar” estes recursos… ensiná-los! E como será possível ensinar sem antes entender os processos? Sem antes mapeá-los? Padronizá-los? Estruturá-los?
A Ciência da Informação trabalha com isso há muiiiiito tempo… vamos retomar aqui as fichas catalográficas regidas pelo padrão AACR2 (Código de catalogação Anglo-Americano). As informações nas fichas são dispostas de forma padrão, separadas por pontuações padrão, então, é possível identificar os metadados que nela constam, mesmo que não tenhamos conhecimento do idioma ali registrado. Vejam estas imagens que eu incluí na minha tese de mestrado, defendida em 2004:
E a biblioteconomia foi além da representação padrão descrita, pensou também em como fazer com que o computador entendesse esta catalogação, rotulando os campos com TAGs, através do padrão MARC-21 (Machine Readable Cataloging – Catalogação Legível por MÁQUINA). Vejam a mesma ficha catalográfica representada em um registro ISO 2709 no padrão MARC:
000 00700nam 22002295a 450 001 12477122 005 20010719174155.0 008 010719s2001 nyu 0000 por 906 __ |a 0 |b ibc |c orignew |d 2 |e epcn |f 20 |g y-gencatlg 955 __ |a pc14 2001-07-19010 __ |a 2001093963 020 __ |a 0694015881 040 __ |a DLC |c DLC 042 __ |a pcc 100 1_ |aPorter, Eleanor H.. 245 10 |a Polyanna moça / |c Eleanor H. Porter ; tradução de Monteiro Lobato. 250 __ |a 1st ed. 260 __ |a São Paulo : |b Ed. Nacional, |c 1947. 263 __ |a 0105 300 __ |a 253p. ; |c 19cm. 440 _0 |a Biblioteca das Moças
O uso destes padrões possibilitou redes de catalogação cooperativa entre bibliotecas, ou seja, um mesmo livro não precisa mais ser catalogado e recadastrado nas diversas bibliotecas. É possível acessar estas redes de catalogação e importar um registro bibliográfico pronto e trazer para a base de dados da biblioteca, DESDE QUE, o software utilizado por ela trabalhe dentro destes padrões… e te digo que a maioria trabalha, porque na área da Ciência da Informação, o uso de padrões é uma CULTURA, corre no nosso sangue. Pense comigo, isto reflete na produtividade e na qualidade dos registros catalográficos.
Há muito tempo pensamos em construção de vocabulários controlados, em separar e indexar a informação nas menores partículas possíveis: os dados… pensamos em semânticas, taxonomias, NO USUÁRIO! Experiência do usuário (UX)? Pensamos nisso desde sempre… em como o usuário vai tentar encontrar e em como ele vai consumir uma informação: quando, como, onde, porquê? Direcionamos todas os nossos métodos de tratamento da informação para esta finalidade, ou seja, sempre cuidamos da experiência do usuário.
Através do seu foco na informação e no usuário, a Ciência da Informação oferece uma IMENSA CONTRIBUIÇÃO para qualquer processo de inovação dentro das empresas! É só parar para pensar que todos os processos são permeados pela produção de informação e que os desafios da inovação implicam no recebimento e entendimento destas informações pelas pessoas e agora também pela tecnologia, pelas máquinas, pelos computadores e pelos algoritmos.
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